A explosão do comércio não mostra sinais de desaceleração
- 11 de janeiro de 2022
- By Natalie Berg
Comércio e entrega ágeis, a serviço de um mercado com "necessidades instantâneas". Chame do que você quiser, mas a explosão da ultraconveniência chegou para ficar.
O que talvez tenha sido visto inicialmente como uma mudança gerada pela pandemia trará implicações duradouras no setor de varejo e cadeia de suprimentos. Esqueça a entrega em um dia ou uma hora; a entrega em 15 minutos de compras de supermercados está se tornando a regra em muitas áreas urbanas do planeta.
Mas há uma real necessidade para isso? Será que os pedidos de supermercados são realmente tão sensíveis ao tempo? E o quão financeiramente sustentável é esse modelo? Neste blog, vamos nos aprofundar em alguns destes tópicos e descobrir o que 2022 pode nos trazer.
Interrompendo as interrupções
Primeiro, vamos reconhecer que vivemos em um mundo totalmente conectado. Um mundo que é digitalmente acessível com um toque. Um mundo onde podemos nos distrair consumindo conteúdo digital, um mundo de conforto em casa e possibilidades infinitas. Um mundo com acesso instantâneo a milhões de produtos para comprar, músicas para ouvir e filmes para assistir.
Podemos estar vivendo em uma era on-demand, mas quando se trata de compras de supermercado, até recentemente, apenas compras semanais de comida eram feitas online. As compras diárias eram uma experiência análoga.
As interrupções sem precedentes causadas pela pandemia não apenas aceleraram a adoção das compras online em supermercados, mas também criaram um canal completamente novo - estamos finalmente testemunhando a digitalização das compras diárias.
Os supermercados em 15 minutos, como Gorillas, GoPuff, Getir e Zapp, se tornaram referências, estreando suas marcas e elevando a experiência dos consumidores a novas alturas, aparentemente não sendo impactadas com a natureza de baixíssima margem do setor.
Essas plataformas de entrega rápida estão atuando essencialmente como um minimercados do século 21, atendendo a compradores que precisam de um ingrediente ou dois para o jantar, que ficaram sem fraldas ou cervejas, ou que estão em quarentena e não conseguem agendar uma compra rápida com grandes supermercados. Eles estão mudando o status quo e redefinindo imediatismo. Um nicho, mas altamente relevante nos dias atuais.
Os compradores sempre dirão sim para entregas rápidas e melhores serviços. Então você precisa se questionar se vale apena inovar nesse pequeno segmento de mercado? E eu digo "pequeno" pçor três motivos:
1) Como dito acima, a entrega de produtos de mercearia em 15 minutos é um nicho para compradores que precisam de produtos "para hoje de noite" e comida pronta.
2) A verdade é que esse tipo de modelo requer uma significativa densidade populacional e será altamente limitado às cidades.
3) Apesar dos esforços para democratizar essa entrega ultrarrápida, é um serviço premium para compradores com pouco tempo e geralmente mais dinheiro.
Segundo o instituto de pesquisas IGD, no Reino Unido, o setor de comércio rápido vale £1.4 bilhão (ou mais de R$10bi), e tem a oportunidade de mais que dobrar de tamanho para £3.3 bilhões (quase R$25mi), ainda uma pequena porção de um mercado de mais de £200bi (R$1,5tri).
Explosão ou estouro
O hype sobre o comércio rápido é justificado? Ou será outra inovação da pandemia que irá desaparecer quando nos adaptarmos ao novo normal?
A minha opinião é que a entrega rápida, de uma forma ou de outra, chegou para ficar. Nos últimos anos, as guerras de preços dos supermercados foram substituídas pelas guerras de entrega. A entrega em 15 minutos leva essa batalha para o próximo nível, no qual os supermercados mais famosos - e até a Amazon - não se aventurariam no passado.
Por que não? Porque esse modelo é confuso. Você está prometendo ao consumidor a lua em um palito e uma única experiência ruim pode ser prejudicial para sua marca. É um modelo não comprovado e que exige muito capital ehiperproximidade com o cliente (se você for entregar em 15 minutos, é melhor estar dentro de um raio de um ou dois quilômetros). Tal como grandes descontos, você precisa sacrificar significativamente o alcance para aumentar a economia.
Mas o tempo é um bem precioso e os fornecedores de entrega ultrarrápida agora abriram essa possibilidade. Isso é ultraconveniência. É um aprofundamento da democratização de serviços premium, uma tendência que já vinha se formando antes da COVID.
Para alguns, o comércio rápido pode representar um futuro distópico, onde nunca mais precisaremos sair do sofá se ficarmos sem pão. Para outros, é um casa de voltar ao futuro - o entregador de leite da era digital.
Independentemente disso, seria difícil tirar essa uberconveniência dos clientes agora, deixando o mercado sem escolha, a não ser seguir a tendência. Nós já testemunhamos o início da invevitável consolidação desse setor, bem como um crescente número de parcerias entre os mercados. Em 2022, podemos muito bem ver a aquisição de um fornecedor de entregas rápidas por um grande supermercado.
O comércio rápido continuará sendo um segmento de nicho no canal online dos supermercados, mas certamente não poderá ser ignorado, com grandes implicações nas cadeias de suprimentos do varejo.
Sejam os processos práticos associados ao microatendimento (como automação e integração entre homem e máquina), modelagem de transporte para a 'última milha' ou o conceito mais amplo de aproximar as cadeias de suprimentos dos consumidores, o impacto do comércio rápido pode ser sentido longe, além de sua esfera imediata de operações em 2022.